Amigos imaginários, amores platônicos e viagens no tempo
"Em cada esquina te vejo, em cada esquina te vais" ou Quem não sabe, inventa!
“Em cada esquina te vejo, em cada esquina te vais”. Essa foi a frase que encontrei grafitada em uma calçada de Lisboa em 2019.
Na época, criei mil teorias mirabolantes para os motivos pelos quais alguém teria registrado essas palavras na rua. Anotei alguns deles em meu bloco de notas do celular:
Fico pensando, o que será que motivou essa pessoa a escrever a frase? Um amor platônico? Um amigo imaginário? Uma quebra no contínuo espaço-temporal? Falando em contínuo espaço-temporal, isso me lembra outra coisa inspiradora que vi em Portugal. Um lugar cujo nome era: "A Máquina do Tempo". Estava fechado, então eu não consegui descobrir do que se tratava aquele lugar
Essa anotação de 2019 será o ponto de partida para a edição de hoje.
Bem-vindos à Caderneta! 📓📝
Amigos imaginários, amores platônicos e viagens no tempo
Amigos imaginários, amores platônicos e viagens no tempo. Por que eu achei que tudo isso faria sentido naquela esquina perdida de Lisboa? Hoje eu olho para essa anotação e fico me perguntando o que eu tinha na cabeça aos 18 anos. Amigos imaginários, amores platônicos e viagens no tempo. Em cada esquina te vejo, em cada esquina te vais. O que tem a ver o lé com cré? Não sei. Mas quem não sabe, inventa.
Quem não sabe, inventa
Alice era cheia dessas invencionices. Todo dia antes do café da manhã era dia de invenção.
Naquela manhã, inventou até gente. Amigo imaginário? Pouco importa. Era como se fosse vivo. Falava, pensava, sentia. Existia.
Sônia era uma garota sonhadora. Sonha como quem viaja. Viaja como quem ama. Ama como quem sonha.
Manoel queria mudar o mundo. E detestava a ideia de ter que começar pequeno. Isso fazia ele nunca começar. E o mundo lá... esperando por mudanças.
David era um típico homem de negócios bem-sucedido na carreira. Mas queria abandonar a profissão já estabelecida para tornar-se ator de teatro, seu sonho de infância.
Tereza estava perdida em meio ao caos do cotidiano. Mas o que ela gostava mesmo era de pintar paisagens, testando estilos diferentes, do impressionismo ao cubismo. Sempre paisagens.
Valentina estava buscando se encontrar. Batia ponto na sessão de terapia toda semana. Passos de formiguinha. Sua analista também parecia imaginária, às vezes.
— Alice?
— Sim?
— Você disse que a analista da Valentina parecia imaginária.
— Eu disse?
— Sim, disse.
— E daí?
— Bem, você está em uma sessão de análise nesse exato momento, falando sobre seus amigos imaginários. Isso te diz alguma coisa?
— Eu estava falando da Valentina.
— Ok.
Breves notas sobre amigos imaginários
Sou um pouco-muito Alice e sempre tive amigos imaginários. Talvez eles sejam um pouco-muito como eu. Talvez eles sejam um pouco-muito exatamente como eu gostaria de ser, se fosse mais legal, mais corajosa, mais destemida, mais determinada.
Com meus amigos imaginários, sou capaz de viajar pelo tempo e espaço. Ocorre a tal quebra do contínuo espaço-temporal, que falei lá atrás. É mágico. Me transporto para diferentes épocas e lugares, algumas delas inexistentes em nosso "mundo real".
Para ser como Alice e viajar pelo contínuo espaço-temporal, conheça algumas dessas obras fantásticas:
Viagem guiada por: Lewis Carroll (autor)
Companheiros de jornada: Alice, Chapeleiro Maluco, Coelho Branco, Rainha de Copas
Destino de viagem: País das Maravilhas
Viagem guiada por Ian Fraser (autor)
Companheiros de jornada: Severino, Bonfim, Antonieta Capitolina Macabéa
Aproveite uma viagem para: uma galáxia muito muito distante, planeta Cabula XI
Viagem guiada por Ana Lúcia Merege (autora)
Companheiros de jornada: Balthazar e Lísias
Navegue pelos mares da aventura, vamos para: Grécia Antiga e arredores
Caderneta Indica
Curadoria de dicas da semana!
Para leitores:
Financiamento coletivo dos livros “O brilho de Beatrix” (HQ) e “Aparece um Dragão! O que você faz?” (Livro de RPG). Ambos pela Editora Draco! Se você ama quadrinhos, RPG, fantasia e histórias legais, não deixe de conferir as campanhas.
Pré-venda do livro da
. A poeta cearense está lançando o livro de poesia A ficção dos calendários. Saiba mais no link e acompanhe a escritora.
Para escritores:
Abriu hoje a Chamada para publicação na Revista Tato Literário.
Para quem gostou da edição anterior sobre estranhamentos, tem chamadas abertas na Edições Fuinha, editora especializada em estranhezas.
Para autores que querem um espaço legal de troca, atividades, leituras e conversas, recomendo o clube do Escambau.
Para a galera do cinema:
Estão abertas até 24/03 as inscrições para a Mostra Utopia, organizada pela Mar de Fogueirinha Produções. Para filmes que abordam direitos humanos.
Caderneta Agradece
Eu não poderia enviar essa segunda edição da Caderneta sem agradecer aos leitores que estão comigo desde o início. Em especial, aos que escolheram investir financeiramente nesse projeto ainda no comecinho dele.
Muito obrigada, Sirlene (do perfil @cantinhodasiz), Glaucinha, Ana Cláudia, Natacha e Bruno. O apoio de vocês é muito importante para mim!
Aliás, se você gosta de livros e literatura, não deixe de conferir o perfil Cantinho de Siz, ela cria um conteúdo literário maravilhoso. Sou fã!
Obrigada também a você que leu o texto e veio comentar comigo suas impressões. Adorei saber mais sobre os estranhamentos do Douglas, que tem uma editora só sobre livros estranhos, a Edições Fuinha. Obrigada aos que comentaram na página do Substack.
Obrigada a quem compartilhou a newsletter com o amigo, com a prima, no grupo do zap, na sua própria newsletter (obrigada,
, da !)Acho que vocês acreditaram em mim mais do que eu mesma. E me deram mais força ainda para seguir escrevendo. Eu amo escrever. Vocês me fazem acreditar que é possível seguir fazendo isso que eu tanto amo.
Agora tô emocionada, obrigadaaaa!
Me acompanhe no Instagram
Adquira e leia meu livro Medos Rabiscados
Até a próxima!
Achei interessante porque cada personagem é um mote para uma nova história. Dá para tecer um bordado infinito de contação! MASSA!
Eu totalmente bobo com esse texto. Me identifiquei muito. Acho que sou o próprio David, só não sou bem sucedido nos negócios